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Inteligência Emocional: Porque é tão importante e como ensiná-la

Ensinar aos jovens habilidades como escuta ativa, autoconsciência e empatia pode leva-los ao sucesso, tanto acadêmico quanto social.

Mas o que realmente significa a ‘inteligência emocional’, e como os professores, por exemplo, deveriam apoiar seu desenvolvimento nas crianças e jovens?

Pode-se dizer que a inteligência emocional abarca cinco áreas principais: autoconsciência, controle emocional, automotivação, empatia e habilidades de relacionamento. Certamente, estes aspectos são fundamentais para uma boa comunicação com as outras pessoas – e, portanto, uma porta de acesso para um melhor aprendizado, amizades, sucesso acadêmico e empregabilidade. Tais habilidades, desenvolvidas nos anos escolares certamente proporcionarão o alicerce para hábitos futuros.

Estudos realizados desde a infância até a vida adulta, mostraram que aqueles que alcançaram uma notável carreira de sucesso enquanto adultos, mostraram maior “boa vontade, perseverança e desejo de superação”.

Estudos realizados com crianças, em que estas poderiam receber mais guloseimas se aceitassem esperar um pouco mais antes de saboreá-las, sugeriram que a gratificação tardia e o autocontrole são importantes, e tais características estariam ligadas a melhores resultados na escola, ganhos e satisfação no emprego.

Escuta Ativa

Nas escolas, é muito importante que se desenvolva a escuta ativa, um fator fundamental para se criar uma genuína comunicação de via de mão dupla – e isso é muito mais do que somente prestar atenção. A escuta ativa envolve uma sequência de diálogo genuína, e respostas aos outros utilizando a nossa própria linguagem corporal, e então demonstrando o que foi entendido, verbalizando de volta pequenas ‘mensagens chave’ que foram recebidas.

Na sala de aula, isso pode afetar como os alunos recebem o feedback da parte dos professores. Uma avaliação recente descobriu que 38% das intervenções por feedback, causam mais prejuízo do que benefício. Isto, em parte, se deve porque as pessoas geralmente cometem erros comuns quando recebem um feedback – má interpretação, como sendo um julgamento pessoal de quem são, por exemplo, e ficam pensando quando o outro vai parar de falar para poderem responder, ao invés de ouvirem atentamente o que está sendo dito.

Um vocabulário para os sentimentos

A pesquisadora Lisa Barrett afirma que as habilidades interpessoais podem ser adquiridas quando ajudamos os alunos a aumentarem seu vocabulário sobre suas emoções. Encorajar as crianças e jovens a entender a diferença entre “triste”, “desapontado” e “chateado” é um bom ponto de partida para desenvolver estratégias adequadas para cada um desses sentimentos. Resumindo, cada palavra relacionada a emoção que se aprende é uma nova ferramenta para uma inteligência emocional futura.

Uma boa maneira de apresentar este aspecto às crianças, tanto em sala de aula, quanto em casa, é utilizar o jogo do alfabeto: onde é possível verificar quantas emoções são possíveis nomear utilizando cada letra do alfabeto. Em seguida, é importante discutir a diferença entre cada um deles, o que pode motivar as emoções, e como cada um responderá a elas.

Encorajar as crianças e jovens a entender
a diferença entre “triste”, “desapontado” e
“chateado” é um bom ponto de partida para desenvolver
estratégias adequadas para cada um destes sentimentos.

Desenvolvendo Autoconsciência

Quando temos uma baixa autoconsciência, corremos o risco de não perceber como nos deparamos com o outro, e acabamos por deixar uma autoimagem super inflada desvirtuar nosso comportamento e nossas interações sociais.

Um estudo realizado há algum tempo, mostrou que pesquisadores perguntaram aos alunos como eles pensavam ter se desempenhado em uma prova, e então compararam suas percepções com os resultados em si. Eles descobriram que a maioria dos alunos superestimou suas habilidades, principalmente no caso de alunos que não haviam ido muito bem. Isto é conhecido como o Efeito Dunning-Kruger, e é um dos pensamentos mais comuns na educação.

Eles também descobriram que estratégias para auxiliar os alunos a melhorar sua autoconsciência, inclui ensina-los estratégias metacognitivas (*1 – Veja abaixo “9 perguntas para melhorar a metacognição”). Uma maneira disso acontecer é encoraja-los a se fazerem perguntas auto reflexivas, como “O que eu poderia ter feito de forma diferente?”, ou utilizar um questionário auto avaliativo sobre as próprias habilidades comunicativas (*2 – Veja abaixo o questionário), o qual pode ajudar os jovens (e por que não também os adultos?!) a entender melhor suas habilidades interpessoais.

Mostrar empatia como se estivesse com os outros

Empatia é a habilidade de perceber a perspectiva de outra pessoa e não julgar, reconhecendo as emoções que ela está sentindo, e ser capaz de transmitir essa perspectiva de volta para ela. Evidências sugerem que a leitura é uma ótima maneira de desenvolver esta habilidade.

Validar a percepção do outro faz com que ele se sinta compreendido, o que, por sua vez, aumenta a boa vontade de colaborar e apoiar. Geralmente as crianças desenvolvem empatia pela observação como os outros o fazem – o que inclui ver os professores e outros alunos se solidarizarem uns com os outros. Usar frases como “Eu entendo, eu percebo” pode ajudar a mostrar às crianças como o entendimento por outra perspectiva pode ser expresso.

Controlar as emoções e auto regulação

Ajudar os alunos a melhorar sua auto regulação – a habilidade de gerenciar pensamentos e emoções – é uma das maneiras mais eficazes e eficientes de ajuda-los. Principalmente na fase do 6° ano ao Ensino Médio.

Como são as técnicas de auto regulação? São abordagens utilizadas por atletas que podem até ser aplicadas em sala de aula – já que os princípios são os mesmos. Essas técnicas incluem ver as situações como oportunidades, mais do que ameaças, por exemplo. É importante reforçar aos jovens que as habilidades para um gerenciamento emocional não são estanques, mas podem ser desenvolvidas. E, claro, exige um grande esforço e paciência, não só da parte dos alunos, mas também dos professores, já que é um processo gradual, e que demanda um certo tempo. Mas é possível, e certamente vale a pena!

Habilidades Comunicativas: Questionário de Autoavaliação

9 perguntas para melhorar sua Metacognição

Antes (de realizar a atividade)
1. Esta atividade é parecida com alguma anterior?
2. O que eu quero alcançar?
3. O que eu devo fazer primeiro?

Durante
4. Estou no caminho certo?
5. O que posso fazer de forma diferente?
6. Para quem posso pedir ajuda?

Após
7. O que deu certo?
8. O que eu poderia ter feito melhor?
9. Posso aplicar isso para outras situações?

Pontue as frases abaixo de 1 a 4.
(1 = discordo completamente; 2 = discordo; 3 = concordo; 4 = concordo completamente)

* Não há certo ou errado, é apenas um questionário para uma autoavaliação, e tomar consciência do que pode ser melhorado, e possíveis estratégias a serem adotadas.

(    ) 1- Geralmente faço contribuições orais que são sucintas e claras.

(    ) 2- Procuro buscar informações, pelo menos na mesma proporção em que as forneço.

(    ) 3- Verifico o entendimento sempre que não entendo algo completamente ou quando sinto que os outros não entendem.

(    ) 4- Quando estou me comunicando eu respondo à necessidade emocional das outras pessoas e suas necessidades.

(    ) 5- Quando os outros estão falando, eu procuro estar atento, interessado e entusiasmado.

(    ) 6- Eu sou mais conciso principalmente quando as conversas são mais integradas/ interessantes.

(    ) 7- Quando apropriado, eu tenho uma linguagem corporal positiva (por exemplo, sorrir, concordar com a cabeça, demonstrar apoio através dos gestos).

(    ) 8- Entendo a construção de relacionamentos mais estruturados como uma das minhas maiores prioridades.

(    ) 9- De maneira geral, eu diria que sou um bom comunicador.

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